A Filosofia e a Racionalidade Política
Sala 8.2.06
Lisbon
Portugal
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O século XX tornou convertíveis as definições de racionalidade e de política. Por recusar uma aproximação essencialista da condição humana, grande parte da antropologia e sociologia contemporâneas pensou a experiência da racionalidade como razoabilidade, ou seja, como descoberta de que é porque pertencemos a uma comunidade onde os nossos projectos e os nossos actos podem vir a ser reconhecidos como justos e legítimos, que nos constituímos como capazes de pensar, conhecer, decidir . A racionalidade teria a sua fonte, portanto, na nossa condição de sujeitos políticos. Inversamente, a filosofia política contemporânea - construída em grande parte sobre o rescaldo da segunda guerra mundial e das suas múltiplas barbáries analisou o fundamento das nossas práticas públicas orientadas para o bem comum a partir do que seria uma técnica dos fins e uma arte dos procedimentos. A política tende a confundir-se com a performance colectiva de dispositivos de consenso e com a aprendizagem de metodologias de concerto entre razões.
Esta definição em espelho do racional e do político, se traz uma promessa de universalidade de experiências políticas segundo o modelo das democracias parlamentares, também torna invisíveis alguns dos grandes problemas da filosofia política moderna herdadas das obras de Hobbes, Locke, Espinosa, Rousseau ou Kant. O estatuto do soberano, o papel dos afectos nos vínculos sociais, o lugar da contingência nas acções humanas, a natureza da vontade geral, ou a função de uma razão vigilante dos limites da própria racionalidade (política), todos estes temas escapam à ideia de que a política é o lugar não apenas do nascimento mas também da legitimidade do que entendemos por uma prática racional.
Porém, os acontecimentos recentes na esfera da economia, que parecem desfazer todos os vínculos sociais e todas as solidariedades dentro do Estados e entre Estados, lançam a suspeita de uma irracionalidade fundamental dos consensos e tendem a deslocar a política inteiramente para o domínio do cálculo da oportunidade ou da boa vontade dos decisores administrativos. Não será necessário hoje pensar uma ideia de racionalidade que não decorra da nossa condição política? Sem regressar a definições essencialistas da razão, não estamos nós condenados a construir modelos de racionalidade que permitam medir o grau de razoabilidade da nossa realidade colectiva? E qual o lugar da filosofia enquanto crítica da racionalidade e da política? A filosofia poderá ainda ser fiel à injunção kantiana de vigilância da racionalidade? E sob que registo?
COMISSÃO ORGANIZADORANuno Nabais, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Nuno Melim, Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa
PRESENÇAS CONFIRMADASAugusto Silva Dias (FDUL)
Catarina Pombo Nabais (CFCUL)
Diogo Sardinha (CFCUL)
Gonçalo Zagalo (CFCUL)
Inácio Valentim (CFCUL)
Paulo de Sousa Mendes (FDUL)
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No
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